Como as Práticas ESG Contribuem para a Valorização dos Ativos Imobiliários Corporativos

Tempo de leitura: 5 minutos

Nos últimos anos, o setor imobiliário corporativo tem passado por uma transformação significativa impulsionada por novas exigências sociais, ambientais e de governança. A adoção de práticas ESG (Environmental, Social and Governance) deixou de ser um diferencial competitivo e passou a ser um requisito essencial para a gestão de ativos imobiliários, influenciando diretamente a valorização dos ativos e gerando valor estratégico a longo prazo.

Empresas do setor de Corporate Real Estate (CRE) têm reconhecido que investir em ativos alinhados com princípios ESG não apenas assegura um compromisso com a sustentabilidade, mas também fortalece a competitividade, ajuda a reduzir riscos e atrai investidores que buscam retorno financeiro de forma responsável.

ESG e o Novo Paradigma dos Imóveis Corporativos

O conceito de ESG tem suas raízes no início dos anos 2000, quando se tornou uma forma de medir o impacto das empresas em questões ambientais, sociais e de governança. A mudança de mentalidade do mercado imobiliário foi particularmente impulsionada por preocupações com as mudanças climáticas, o bem-estar das pessoas e a necessidade de uma gestão mais transparente e responsável.

Segundo o relatório “2022 Global ESG Real Estate Investment Survey”, conduzido pela PwC em conjunto com a Urban Land Institute, mais de 90% dos investidores institucionais consideram critérios ESG essenciais nas decisões de aquisição de ativos imobiliários. Esse cenário reflete a ampliação da visão de valor no setor imobiliário, que passa a considerar também fatores não financeiros.

No Brasil, esse movimento se intensificou nas últimas duas décadas, com a crescente adoção de práticas sustentáveis em projetos imobiliários e a valorização de imóveis que se alinham a esses critérios. Um estudo recente do GBC Brasil (Green Building Council) mostra que 75% dos investidores e incorporadores consideram práticas ESG como um fator determinante nas decisões de aquisição e desenvolvimento de ativos imobiliários.

O Impacto dos Critérios Ambientais nos Ativos Físicos

A integração de soluções ambientais nos imóveis corporativos vai muito além da simples responsabilidade ecológica; ela tem um impacto direto na eficiência operacional e na resiliência do ativo a longo prazo. Eficiência energética, gestão de resíduos, uso responsável de recursos hídricos e certificações ambientais têm um efeito significativo tanto nos custos operacionais quanto no valor de mercado dos imóveis.

O World Green Building Council aponta que edifícios com certificação LEED apresentam uma redução de até 30% no consumo de energia e 50% no uso de água. Além disso, eles geram 23% menos resíduos sólidos e emitem 33% menos CO₂ do que os edifícios convencionais. Isso reflete uma maior durabilidade dos sistemas e a redução dos custos operacionais, fatores que, por sua vez, contribuem para a valorização do imóvel.

Certificações como LEED, WELL e EDGE estão se tornando referências no mercado, indicando um compromisso com práticas de construção sustentável. De acordo com o Journal of Sustainable Real Estate (2008), imóveis com essas certificações podem apresentar uma valorização de mercado de 4% a 10% em comparação com imóveis não certificados.

A Dimensão Social: Valorização pelo Cuidado com as Pessoas

O aspecto social do ESG refere-se ao impacto que os imóveis têm nas pessoas que os utilizam e nas comunidades ao seu redor. Com a crescente importância do bem-estar dos ocupantes, o design de espaços saudáveis e acessíveis tornou-se um critério essencial na avaliação dos ativos imobiliários.

Pesquisas da Harvard T.H. Chan School of Public Health demonstram que ambientes de trabalho com boa ventilação, iluminação natural e controle de qualidade do ar podem melhorar em até 61% o desempenho cognitivo dos colaboradores. Isso se reflete em aumento de produtividade e menor rotatividade de profissionais.

Além disso, imóveis que priorizam a acessibilidade universal, áreas comuns integradas, segurança e integração com o entorno urbano geram impacto positivo na percepção dos usuários e facilitam sua inserção na comunidade. Tais fatores estão alinhados com o conceito de “placemaking” — estratégia urbana que busca transformar espaços em locais de pertencimento e qualidade de vida.

A valorização social também pode ser observada em empreendimentos que adotam políticas de diversidade e inclusão, programas de bem-estar e investimentos em educação ambiental para seus ocupantes e vizinhança.

Governança: Transparência e Eficiência na Gestão dos Ativos

A governança é um pilar essencial que assegura a transparência e a ética na gestão dos ativos imobiliários. No contexto de Corporate Real Estate, práticas de governança incluem o cumprimento das normas legais, a gestão eficiente de contratos, auditorias, compliance regulatório e manutenção preventiva dos imóveis.

Segundo o Global Real Estate Sustainability Benchmark (GRESB), empresas que adotam boas práticas de governança apresentam menores níveis de litigiosidade, maior previsibilidade orçamentária e um índice de renovação de contratos superior à média de mercado. A ausência de governança pode gerar riscos significativos, como multas e perda de valor de mercado.

Empresas que implementam uma governança corporativa robusta e seguem práticas éticas de gestão têm menos problemas com litígios jurídicos e são mais atraentes para investidores que priorizam a conformidade regulatória.

Valorização Econômica: ESG como Estratégia de Mercado

Diversos estudos confirmam que os ativos que incorporam práticas ESG apresentam melhor desempenho financeiro. De acordo com o estudo ESG and Real Estate Performance, da MSCI (2020), os imóveis com maior classificação ESG têm um desempenho superior ao mercado em termos de valorização de mercado, liquidez e rentabilidade.

No Brasil, o estudo da CBRE (2023) revela que edifícios sustentáveis em regiões comerciais centrais de São Paulo têm vacância 40% menor e apresentam valores de locação até 17% superiores em comparação com imóveis não certificados. Em mercados maduros, como os EUA e Europa, a valorização “green premium” pode chegar a 25%, conforme apontado pela McKinsey & Company.

Além disso, a redução de custos operacionais — como consumo de energia, água e manutenção — também impacta positivamente a rentabilidade dos imóveis, garantindo que os ativos se mantenham competitivos no longo prazo. A análise do ciclo de vida dos ativos, com foco em durabilidade e adaptabilidade, tem se tornado cada vez mais relevante.

O Papel da PMC na Jornada ESG dos Ativos Corporativos

Em um ambiente de crescente regulamentação e pressão por práticas sustentáveis, empresas especializadas na gestão e legalização imobiliária, como a PMC, desempenham um papel fundamental. A PMC oferece consultoria técnica e normativa para empresas que buscam regularizar e adaptar seus imóveis às exigências ESG, oferecendo suporte na obtenção de licenças, na adequação às normas ambientais e na gestão de compliance.

Com uma abordagem estratégica e integrada, a PMC facilita a implementação de soluções sustentáveis e auxilia na transformação dos ativos imobiliários em ativos de valor superior, alinhados com as exigências de um mercado que valoriza cada vez mais a responsabilidade corporativa.

Considerações Finais

Adotar práticas ESG em ativos imobiliários não é apenas uma tendência, mas uma exigência crescente do mercado. As empresas que integram os princípios ESG em sua estratégia de Corporate Real Estate não só valorizam seus ativos, mas também se posicionam de maneira estratégica em um mercado global cada vez mais focado na sustentabilidade.

A adoção dessas práticas proporciona retornos financeiros tangíveis, como aumento de valor de mercado, redução de custos e atração de investidores, e também benefícios intangíveis, como fortalecimento da reputação, redução de riscos e engajamento com a comunidade. Empresas que desejam se destacar devem compreender que o valor sustentável dos ativos imobiliários vai além da construção e do uso dos espaços — ele está diretamente ligado ao compromisso com as gerações futuras e à responsabilidade empresarial.

Artigo escrito por: Jeison Sales | Gerente Comercial

Rúbia Gulis

Coordenadora de Processos

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